Fêmea de morcego da Ásia faz sexo oral, diz pesquisa.
Grupo sino-britânico observou o comportamento filmando casais em cativeiro.
"Felação" ajuda a prolongar coito de mamíferos; ato só tinha sido registrado entre humanos e chimpanzés, e sua função ainda é nebulosa.
Universidade de Bristol/Reprodução
Morcego da espécie "Cynopterus sphinx"
REINALDO JOSÉ LOPES DA REPORTAGEM LOCAL
Não é todo dia que a palavra "felação" vai parar no título de um artigo científico, principalmente quando a prática é adotada não por humanos, mas por morcegos. Pesquisadores chineses e britânicos descobriram que as fêmeas do mamífero voador são adeptas do sexo oral -caso muito raro em espécies que não a humana.
A função do comportamento ainda não está clara, mas uma coisa é certa: os machos da espécie Cynopterus sphinx gostam. Tanto que, em experimentos, apareceu uma forte correlação entre o tempo que durava o ato sexual e a frequência da felação. Ou seja, quanto mais a fêmea se dedicava ao sexo oral, mais demorada era a relação entre o casal voador.
A pesquisa, coordenada por Libiao Zhang, do Instituto Entomológico de Guangdong, na China, está na revista científica de acesso livre "PLoS One". O C. sphinx é um morcego comedor de frutas presente em várias regiões do sul da Ásia. Já se sabia que os machos da espécie costumam construir pequenas tendas feitas de folhas, para as quais atraem as fêmeas que formarão seu harém. Mais do que isso era difícil investigar, até porque os hábitos dos bichos, normalmente noturnos e tímidos, não ajudam muito. "É muito raro a gente conseguir algum vislumbre da cópula nas espécies aqui do Brasil", conta a bióloga Susi Missel Pacheco, pesquisadora do Instituto Sauver (RS) e presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros (ou seja, morcegos).
Ninho de amor
A equipe sino-britânica resolveu dar privacidade e vida mansa aos casais de morcegos. Capturaram uma batelada dos bichos e excluíram filhotes, fêmeas grávidas ou em fase de amamentação, ficando apenas com 30 pares adultos. Próximo passo: colocar cada casal em amplas jaulas, com folhas para os ninhos, água e banana a gosto. Câmeras digitais foram instaladas nos recintos, o que permitiu ao grupo monitorar os movimentos dos bichos sem perturbá-los demais. E o que eles observaram seria digno de figurar num Kama Sutra dos morcegos. De ponta-cabeça, o macho abordava a fêmea por trás. Durante a penetração, ela se contorcia e lambia gentilmente o pênis do parceiro, repetidas vezes. Isso, ao menos, nos casos mais bem-sucedidos: se a fêmea passava 40 segundos lambendo o pênis do macho, o sexo se prolongava por mais de oito minutos.
A equipe sino-britânica resolveu dar privacidade e vida mansa aos casais de morcegos. Capturaram uma batelada dos bichos e excluíram filhotes, fêmeas grávidas ou em fase de amamentação, ficando apenas com 30 pares adultos. Próximo passo: colocar cada casal em amplas jaulas, com folhas para os ninhos, água e banana a gosto. Câmeras digitais foram instaladas nos recintos, o que permitiu ao grupo monitorar os movimentos dos bichos sem perturbá-los demais. E o que eles observaram seria digno de figurar num Kama Sutra dos morcegos. De ponta-cabeça, o macho abordava a fêmea por trás. Durante a penetração, ela se contorcia e lambia gentilmente o pênis do parceiro, repetidas vezes. Isso, ao menos, nos casos mais bem-sucedidos: se a fêmea passava 40 segundos lambendo o pênis do macho, o sexo se prolongava por mais de oito minutos.
Pacheco diz que o uso de "felação" para definir o comportamento talvez seja exagerado, e que a vida em cativeiro talvez tenha algum impacto sobre a cópula dos bichos. "Mesmo assim, é um trabalho muito intrigante, a começar pelo ineditismo e pelas curiosas semelhanças com primatas", avalia.
De fato, a única coisa mais ou menos parecida foi registrada entre jovens bonobos ou chimpanzés-pigmeus (Pan paniscus). Entre morcegos do Brasil, diz Pacheco, havia registros de fêmeas que tomavam a iniciativa no começo da cópula.
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