O ganha-pão de Ti Jangana, depende e muito deste dócil asno. Xabregas, o mais velho de dois nascidos de cesariana, com toneladas de milho e farinha transportados no lombo, tem os cascos desgastados e em chaga. Ti Jangana lamenta-se, mas pouco pode fazer. Xabregas não pode parar. Só quando adoece com cólicas ou enchaquecas goza férias no estábulo. Nessa altura, os duzentos quilogramas de farinha ou cereal que o Xabregas transporta diariamente, são divididos em sacos de vinte e cinco quilogramas e a cabeça ou as costas dos filhos do Mateus da Ponte, substituem-no no transporte. De solipas, chancas, socas ou descalço, Ti Jangana faz em passo ligeiro, sob sol, frio, chuva ou precipitação atmosférica o itinerário palmilhado, durante mais de vinte anos, conjuntamente com o corajoso e indómito animal.
Xabregas conhece, sem equívoco todas as casas por onde passa e pÁra sempre sem aviso prévio para o relincho de bom dia por toda a gente que passa. Ti jangana pode dormitar a cavalo no jumento ou acompanhá-lo a pé a cambalear que o animal nunca deixa de fazer a respectiva paragem, chega mesmo a chamar a atenção do dono com um relincho. Dado que a maior parte das casas de couce até ao alto do ramalho recebem diariamente a visita do moleiro, é costume dizer-se de quem pÁra para conversar com todas as pessoas que encontra no caminho: - “es como o burro do moleiro!... paras em todas as portas”!...
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