sábado, 22 de agosto de 2009

Tóne Maltês o ferrador de Couce


Tóne em consequência da crise de trabalho na área da sua acção laboral por efeito imediato da queda de exploração do carvão e devido ao dessentendimento que teve com o capataz das minas, o falecido Serafim Chanfana , dedicou-se de alma e coração à arte de bem calçar o gado asinino. Ao tempo, os caminhos de acesso ao centro extractivo fazia-se recorrendo ao gado asinino por serem mais resistentes, mais rápidos e mais inteligentes que o gado vacum e muar, de modo que, os ditos machos burros proliferavam abundantemente e serviam deste modo de meio de transporte. O desgaste dos cascos era o resultado de inúmeras e por vezes longas caminhadas, serra acima, serra abaixo. Os resistentes animais transportadores de carga humana, tinham assim de receber atenção adequada às suas necessidades. Por via disso havia muito trabalho de ferrador e Tóne prosperava. Só que nada é eterno e Tóne começou a sentir na pele os custos da modernidade. O aparecimento do carro de bois em substituição dos meigos burros, teceria o fim de uma ancestral profissão. Os proprietários dos venerandos asnos, foram-se aos poucos desfazendo deles em detrimento da criação de bovinos. Estes produziam trabalho agrícola e carne e criariam mais riqueza que os sóbrios burros cujo desempenho se circunscrevia à função de animal de carga e transporte. Os lavradores, haveriam também eles de alinhar na modernidade, recorrendo ao tractor para os trabalhos agrícolas mais árduos, tais como: lavrar, transporte de matos, vinhos, madeiras ou lenhas. Este, haveria de ser o início do seu fim, com a quase extinção dos ferradores e dos burros. Tóne, não perdeu a noção dessa realidade e lançou-se no sentido jusante do rio Couce, onde ainda escasseia a mão-de-obra de polidor... de esquinas, e guardador de...SONHOS!

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