Na minha primeira viagem à Dinamarca, em 85, levei uma tanga desgraçada de um companheiro do cruzeiro em que participei, num veleiro, pelos países escandinavos do Báltico. O homem era, nem mais nem menos, que deputado do parlamento dinamarquês, responsável pelas relações económicas do seu país com a, na altura, CEE (Portugal tinha acabado de “entrar”, a Dinamarca tinha entrado pouco tempo antes).
Segundo ele não se entendia muito bem, no meio económico europeu, como é que o eleito “pior ministro das finanças da Europa em 1980” tinha chegado a primeiro-ministro. Tive de engolir em seco, na altura não ligava puto à política nem percebia patavina de macroeconomia, e não me ocorreu nenhum argumento em defesa dos portugueses para além da desculpa esfarrapada de que isso teria a ver com questões partidárias, a famosa "onda laranja", e que o povo português normalmente adoptava a cor partidária como adoptava a clubística (coisa que não lhe dizia nada, na altura o futebol dinamarquês era um desporto amador).
Sua excelência o professor Cavaco foi alegremente exercendo o seu cargo durante dez anos, retirando-se quando viu que os fundos de coesão já não lhe davam o conforto suficiente para “governar”, saindo em beleza com a sensação de satisfação do dever cumprido (aplicação dos fundos em "obras públicas", criação de novas "empresas", subsídios para empresas estrangeiras se estabelecerem em Portugal que, já se sabia, iriam fechar quando acabasse a mama mas que também “criaram” emprego…), enfim, uma governação que deixou saudades ao povão, no entanto insuficientes para o eleger presidente na corrida contra Sampaio.
Sócrates sempre quis governar com Cavaco (a escolha de Soares para candidato não foi inocente) e o resultado está à vista: um país cada vez mais débil em termos económicos e sociais, uma guerra declarada contra os principais agentes do ensino público (que comprometeu irremediavelmente o futuro da Educação em Portugal) e um controlo descarado dos media que, para quem desvia os olhos da propaganda informativa nas televisões e jornais, tresanda a tudo menos democracia.
Cavaco encara isto com normal serenidade, nunca se atrevendo a intervir na errática e suicida governação "socrática", não vá a culpa das barbaridades cometidas sobrar para ele (ou, quem sabe, para não quebrar algum misterioso pacto celebrado com as hostes do nosso querido engenheiro).
Quem é, afinal, o pai da crise? O professor? O engenheiro? Não, o pai somos nós, que continuamos a ser comidos por “bandido” e mafiados por “parvo”, iludidos na treta do “povo de brandos costumes” com que nos estigmatizaram. Então não era de ir lá abaixo e abater aquela gentalha mais a respectiva descendência, para acabar de vez com a pouca-vergonha?
Segundo ele não se entendia muito bem, no meio económico europeu, como é que o eleito “pior ministro das finanças da Europa em 1980” tinha chegado a primeiro-ministro. Tive de engolir em seco, na altura não ligava puto à política nem percebia patavina de macroeconomia, e não me ocorreu nenhum argumento em defesa dos portugueses para além da desculpa esfarrapada de que isso teria a ver com questões partidárias, a famosa "onda laranja", e que o povo português normalmente adoptava a cor partidária como adoptava a clubística (coisa que não lhe dizia nada, na altura o futebol dinamarquês era um desporto amador).
Sua excelência o professor Cavaco foi alegremente exercendo o seu cargo durante dez anos, retirando-se quando viu que os fundos de coesão já não lhe davam o conforto suficiente para “governar”, saindo em beleza com a sensação de satisfação do dever cumprido (aplicação dos fundos em "obras públicas", criação de novas "empresas", subsídios para empresas estrangeiras se estabelecerem em Portugal que, já se sabia, iriam fechar quando acabasse a mama mas que também “criaram” emprego…), enfim, uma governação que deixou saudades ao povão, no entanto insuficientes para o eleger presidente na corrida contra Sampaio.
Sócrates sempre quis governar com Cavaco (a escolha de Soares para candidato não foi inocente) e o resultado está à vista: um país cada vez mais débil em termos económicos e sociais, uma guerra declarada contra os principais agentes do ensino público (que comprometeu irremediavelmente o futuro da Educação em Portugal) e um controlo descarado dos media que, para quem desvia os olhos da propaganda informativa nas televisões e jornais, tresanda a tudo menos democracia.
Cavaco encara isto com normal serenidade, nunca se atrevendo a intervir na errática e suicida governação "socrática", não vá a culpa das barbaridades cometidas sobrar para ele (ou, quem sabe, para não quebrar algum misterioso pacto celebrado com as hostes do nosso querido engenheiro).
Quem é, afinal, o pai da crise? O professor? O engenheiro? Não, o pai somos nós, que continuamos a ser comidos por “bandido” e mafiados por “parvo”, iludidos na treta do “povo de brandos costumes” com que nos estigmatizaram. Então não era de ir lá abaixo e abater aquela gentalha mais a respectiva descendência, para acabar de vez com a pouca-vergonha?
Brandos costumes o caralho, somos é todos uma cambada de lorpas e de cobardolas, para não dizer o resto. Abaixo esta merda, quando vou ao estrangeiro tenho, desde o século passado, vergonha de dizer que sou português!
6 comentários:
olha lá, os países escandinavos não são todos banhados pelo báltico???
vê lá mas é se cotinuas a mandar gajas boas e yutubes com galinhas atropeladas e manda a política às ortigas!!!
keka nelas, o resto q se lixe!!!
Pois é, Keka, como diria Ramalho ‘Urtigão’ “…nem todos os países escandinavos são banhados pelo Mar Báltico, tome-se como exemplo a Islândia…”.
Eu publico o que me apetecer, o Ilustre Administrador deste Bilogue é a favor da Liberdade de Expressão e ponto final.
A propósito, quando é que organizas mais um dos teus famosos “Pica no Chão” num desses tascos de Ardegães? Trata disso, e não te esqueças de avisar o pessoal!...
e couce é banhado pela adriana...ele deve estar em couce
e malta é banhado por que mar?! eu acho que é pela banha da zeza...
lá fora os politicos são todos uns baris!! !! mas os mais fixes são os sapateiros de aarhus
Por acaso o gajo era de Odense, e quando estive em Århus apanhei uma besana do carago, não me lembro de ter visto sapateiros, só louras de olhos azuis, barcos e carrinhos de supermercado abandonados nos passeios. E não penses que estou a falar de ClubMed's, o veleiro "Frem" era de dois mastros, em madeira, com vinte passageiros e cinco tripulantes, e o cruzeiro foi organizado pela Câmara de Odense. À chegada o deputado tinha à sua espera o VW carocha 1300 que tinha deixado à partida, sem motorista. Se calhar a diferença passa por aí, os sapateiros de Århus ganham pouco menos que os deputados que os representam no parlamento.
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