terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Tóne Neca



Tóne Neca não era um homem de forte compleição física. Até dava a impressão que uma leve aragem era o suficiente para o deitar por terra…e disso se convenceram quatro valentões provocadores da aldeia vizinha de Belôi que o meteram no meio deles com a intenção de lhe dar uma grande coça.
Três saíram com a cabeça partida, após alguns minutos de varapau suado. O quarto resistiu até que o Tóne Neca, dando-lhe um toque numa das mãos, obrigou-o a largar o pau.
Perante a incapacidade do adversário que se espumava, completamente desarmado e de cócoras, Tóne Neca deu por terminado o combate, enquanto coçava os tomates que comichavam devido à salitre do suor que lhe jorrava a rodos das brilhas:
-Essa foi de mestre ó mestre !
Dando troco ao vencido, Neca rematou:
- Boi num cospe só se baba!!
-Esta aprendi-a com o Quim Tóne quando cá veio! (...) ele, antes de aplicar a receita, partia o pau ao meio e deitava metade fora assentando restante metade nas costas do rival com inusitada violência.
Tóne Neca viveu e reproduziu numa modesta casa situada num minúsculo aglomerado que o povo baptizou de Bairro de Secupira e por isso alcunhou-o “Neca o Quebra Moinas de Secupira”.
Quando morreu com noventa e muitos anos, foi-lhe prestada uma significativa homenagem de honradez e bravura. Nessas horas de finados, o povo no seu discernir, evocou factos da vida do extinto, como exemplo a seguir . Do Tóne Neca ficou aquela tirada quando disse que não tinha trabalho ao carrego e por isso ia p´ra férias.
-Férias aonde ? indagaram.
A cavar terra que é para onde deviam ir muitos malandros que andam por aí na moinice…!

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