terça-feira, 28 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
A Verdadeira Virtude
Não se pode pensar em virtude sem se pensar num estado e num impulso contrários aos de virtude e num persistente esforço da vontade. Para me desenhar um homem virtuoso tenho que dar relevo principal ao que nele é voluntário; tenho de, talvez em esquema exagerado, lhe pôr acima de tudo o que é modelar e conter. Pela origem e pelo significado não posso deixar de a ligar às fortes resoluções e à coragem civil. E um contínuo querer e uma contínua vigilância, uma batalha perpétua dada aos elementos que, entendendo, classifiquei como maus; requer as nítidas visões e as almas destemidas. Por isso não me prende o menino virtuoso; a bondade só é nele o estado natural; antes o quero bravio e combativo e com sua ponta de maldade; assim me dá a certeza de que o terei mais tarde, quando a vontade se afirmar e a reflexão distinguir os caminhos, com material a destruir na luta heróica e a energia suficiente para nela se empenhar.
Só os sacristães são levados, por índole e ofício, a venerar todos os santos, sem pôr em mais alto lugar os que encheram sua vida de esquinas e no dobrar de cada uma sofreram agonias e suaram de angústia; mas, para nós, foram mais longe os que mais se feriram nos espinhos de uma remissa natureza; se a venceram merecem estar no céu; se não venceram, o próprio esforço lho devia merecer; no entanto já o inferno é uma forma de glória; para os outros seria bom que se criasse um novo recinto de imortalidade: e só o vejo estabelecido no lodo espapaçado de um fundo tranquilo, sem pregas de correntes nem restos de naufrágios; exactamente um cemitério de medusas. Para o que é bom por ter nascido bom e a única virtude consistiria em ser mau; aqui se mostrariam originalidade e coragem, mérito, portanto; porque ser mau por ter nascido mau só lhe deveria dar, como aos do lado contrário, o direito ao eterno silêncio. Por aqui se compreende que as vidas dos Sorel tenham sempre ressonância nas almas Stendhal; e também a sensibilidade, a delicadeza, todo o fundo de boas qualidades de certos grandes criminosos.
O que não chora, nem parte, nem esbraveja, nem resiste aos conselhos há-de formar depois nas massas submissas; muitas vezes me há-de parecer que a sua virtude consiste numa falta de habilidade para urdir o mal, numa falta de coragem para o praticar; e, na verdade, não posso ter grande respeito pelas amibas que se sobrevivem.
Só os sacristães são levados, por índole e ofício, a venerar todos os santos, sem pôr em mais alto lugar os que encheram sua vida de esquinas e no dobrar de cada uma sofreram agonias e suaram de angústia; mas, para nós, foram mais longe os que mais se feriram nos espinhos de uma remissa natureza; se a venceram merecem estar no céu; se não venceram, o próprio esforço lho devia merecer; no entanto já o inferno é uma forma de glória; para os outros seria bom que se criasse um novo recinto de imortalidade: e só o vejo estabelecido no lodo espapaçado de um fundo tranquilo, sem pregas de correntes nem restos de naufrágios; exactamente um cemitério de medusas. Para o que é bom por ter nascido bom e a única virtude consistiria em ser mau; aqui se mostrariam originalidade e coragem, mérito, portanto; porque ser mau por ter nascido mau só lhe deveria dar, como aos do lado contrário, o direito ao eterno silêncio. Por aqui se compreende que as vidas dos Sorel tenham sempre ressonância nas almas Stendhal; e também a sensibilidade, a delicadeza, todo o fundo de boas qualidades de certos grandes criminosos.
Sei bem os perigos que tal doutrina pode ter transportada ao social e sei também a maneira de pôr de lado a objecção, alargando o conceito de virtude, dando-o como o desejo de superar e não como o desejo de combater; mas de propósito fiquei no que a virtude tem de luta entre a natureza e a vontade.
Agostinho da Silva, in 'Considerações' A escola
Não podemos negar que a escola não deu aos seus alunos todas as possibilidades que lhes devia dar, desprezou os mal dotados, obrigou-os a actos ou tarefas que lhes depuseram na alma as primeiras sementes do despeito ou da revolta, lhes deu, pelo quase exclusivo cuidado que votou ao saber, deixando na sombra o que é o mais importante — formação do carácter e desenvolvimento da inteligência —, todas as condições para virem a ser o que são agora; se não saíram da escola com amor à escola, a culpa não é deles, mas da escola. Acresce ainda que, lançados na vida, a escola nunca mais procurou atraí-los, nunca mais foi ao encontro dos seus antigos alunos, para lhes aumentar a cultura, os informar e esclarecer sobre novas orientações de espírito, para lhes pedir a sua colaboração, o seu interesse na educação das gerações mais moças. Houve um corte de relações, quando a sua manutenção poderia ainda de algum modo apagar as más lembranças que os alunos levavam. Que admira que sintamos agora à nossa volta paixão e rancor? Tivemo-los nas nossas mãos e não fizemos por eles tudo quanto podíamos, mesmo com as possibilidades económicas e pedagógicas de que nos cercara o meio; em nós temos de reconhecer o principal defeito; por consequência, também em nós a principal causa do ataque. Agostinho da Silva, in 'Glossas'
domingo, 26 de julho de 2009
sábado, 25 de julho de 2009
sexta-feira, 24 de julho de 2009
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Porque as mulheres demoram tanto na casa de banho?
«O grande segredo de todas as mulheres a respeito da casa de banho é que, quando somos pequeninas, as mamãs levavam-nos à casa de banho, ensinam-nos a limpar o tampo da sanita com papel higiénico e depois a pôr cuidadosamente tiras de papel no perímetro da sanita.
Finalmente instruem-nos: "Nunca, nunca te sentes numa casa de banho pública!" E depois ensinam-nos a "posição", que consiste em balançarmo-nos sobre a sanita numa posição de sentar-se sem que o nosso corpo tenha contacto com o tampo. "A Posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, importante e necessária, que nos acompanha para o resto da vida.
Mas ainda hoje, nos nossos anos de maioridade, "a posição" é dolorosamente difícil de manter, sobretudo quando a bexiga está quase a rebentar.
Quando "TEMOS" de ir a uma casa de banho pública, encontramos (QUASE SEMPRE!) uma fila enorme de mulheres que até parece que o Brad Pitt está lá dentro. Por isso, resignano-nos a esperar, sorrindo amavelmente para as outras mulheres que também cruzam as pernas e os braços, discretamente, na posição oficial de “tou aqui, tou-me a mijar!”.
Finalmente é a nossa vez! E chega a típica mãe-com-a-menina-que-não-aguenta-mais ("A minha filhota já não aguenta mais, desculpe, vou passar à frente!). Então verificamos por baixo de cada cubículo para ver se não há pernas. Estão todos ocupados.
Finalmente, abre-se um e lançamo-nos lá para dentro, quase derrubando a pessoa que ainda está a sair. Entramos e vemos que a fechadura está estragada (está sempre!); não importa…Penduramos a mala no gancho que há na porta… QUAAAAAL? Nunca há gancho!!Inspeccionamos a zona, o chão está cheio de líquidos indefinidos e fétidos, e não nos atrevemos a pousá-la lá, por isso penduramo-la no pescoço enquanto vemos como balança debaixo de nós, sem contar que a alça nos desarticula o pescoço, porque a mala está cheia de coisinhas que fomos metendo lá para dentro, durante 5 meses seguidos, e a maioria das quais não usamos, mas que temos no caso de…Mas, voltando à porta… como não tinha fechadura, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto com a outra baixamos as calças num instante e pomo-nos “na posição”…AAAAHHHHHH… finalmente, que alívio… mas é aí que as nossas coxas começam a tremer… porque nisto tudo já estamos suspensas no ar há dois minutos, com as pernas flexionadas, as cuecas a cortarem-nos a circulação das coxas, um braço estendido a fazer força na porta e uma mala de 5 quilos a cortar-nos o pescoço!
Nós gostaríamos de nos poder sentar, mas não tivemos tempo para limpar a sanita nem a tapamos com papel; interiormente achamos que não iria acontecer nada, mas a voz da mãe faz eco nas nossas cabeça “nunca te sentes numa sanita pública”, e então ficamos na “posição de aguiazinha”, com as pernas a tremer… e por uma falha no cálculo de distâncias, um finííííssimo fio do jacto salpica-nos e molha-nos até às meias!! Com sorte não molhamos os sapatos… é que adoptar “a posição requer uma grande concentração e perícia. Para distanciar a mente dessa desgraça, procuramos o rolo de papel higiénico, maaaaaaaaaaas não hááááá!!! O suporte está vazio! Então rezamos aos céus para que, entre os 5 quilos de bugigangas que temos na mala, pendurada ao pescoço, haja um miserável lenço de papel… mas para procurar na mala temos de soltar a porta… ???? Duvidamos um momento, mas não temos outro remédio. E quando soltamos a porta, alguém a empurra, dá-nos uma trolitada na cabeça que nos deixa meio desorientadas mas rapidamente temos de travá-la com um movimento rápido e brusco enquanto gritamos: OCUPAAAAAADOOOOOOOOO!!
E assim toda a gente que está à espera ouve a nossa mensagem e já podemos soltar a porta sem medo, ninguém vai tentar abri-la de novo (nisso as mulheres têm muito respeito umas pelas outras). Encontramos o lenço de papel!! Está todo enrugado, tipo um rolinho, mas não importa, fazemos tudo para esticá-lo; finalmente conseguimos e limpamo-nos. Mas o lenço está tão velho e usado que já não absorve e molhamos a mão toda; ou seja, valeu de muito o esforço de desenrugar o maldito lenço só com uma mão. Ouvimos algures a voz de outra velha nas mesmas circunstâncias: “Alguém tem um pedacinho de papel a mais?” Parva! Idiota!
Sem contar com o galo da marrada da porta, o linchamento da alça da mala, o suor que corre pela testa, a mão a escorrer, a lembrança da mãe que estaria envergonhadíssima se nos visse assim… porque ela nunca tocou numa sanita pública, porque, francamente, não sabemos que doenças podemos apanhar ali, que até podemos ficar grávidas (lembram-se??)…. Estamos exaustas! Quando paramos já não sentimos as pernas, arranjamo-nos rapidíssimo e puxamos o autoclismo a fazer malabarismos com um pé, muito importante! Depois lá vamos pró lavatório. Está tudo cheio de água (ou xixi? lembram-se do lenço de papel…), então não podemos soltar a mala nem durante um segundo, penduramo-la no ombro; não sabemos como é que funciona a torneira com os sensores automáticos, então tocamos até sair um jactozito de água fresca, e conseguimos sabão, lavamos as mãos numa posição do corcunda de Notre Dame para a mala não resvalar e ficar debaixo da água. Nem sequer usamos o secador, é uma porcaria inútil, pelo que no fim secamos as mãos nas calças – porque não vamos gastar um lenço de papel para isso- e saímos…
Finalmente, abre-se um e lançamo-nos lá para dentro, quase derrubando a pessoa que ainda está a sair. Entramos e vemos que a fechadura está estragada (está sempre!); não importa…Penduramos a mala no gancho que há na porta… QUAAAAAL? Nunca há gancho!!Inspeccionamos a zona, o chão está cheio de líquidos indefinidos e fétidos, e não nos atrevemos a pousá-la lá, por isso penduramo-la no pescoço enquanto vemos como balança debaixo de nós, sem contar que a alça nos desarticula o pescoço, porque a mala está cheia de coisinhas que fomos metendo lá para dentro, durante 5 meses seguidos, e a maioria das quais não usamos, mas que temos no caso de…Mas, voltando à porta… como não tinha fechadura, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto com a outra baixamos as calças num instante e pomo-nos “na posição”…AAAAHHHHHH… finalmente, que alívio… mas é aí que as nossas coxas começam a tremer… porque nisto tudo já estamos suspensas no ar há dois minutos, com as pernas flexionadas, as cuecas a cortarem-nos a circulação das coxas, um braço estendido a fazer força na porta e uma mala de 5 quilos a cortar-nos o pescoço!
Nós gostaríamos de nos poder sentar, mas não tivemos tempo para limpar a sanita nem a tapamos com papel; interiormente achamos que não iria acontecer nada, mas a voz da mãe faz eco nas nossas cabeça “nunca te sentes numa sanita pública”, e então ficamos na “posição de aguiazinha”, com as pernas a tremer… e por uma falha no cálculo de distâncias, um finííííssimo fio do jacto salpica-nos e molha-nos até às meias!! Com sorte não molhamos os sapatos… é que adoptar “a posição requer uma grande concentração e perícia. Para distanciar a mente dessa desgraça, procuramos o rolo de papel higiénico, maaaaaaaaaaas não hááááá!!! O suporte está vazio! Então rezamos aos céus para que, entre os 5 quilos de bugigangas que temos na mala, pendurada ao pescoço, haja um miserável lenço de papel… mas para procurar na mala temos de soltar a porta… ???? Duvidamos um momento, mas não temos outro remédio. E quando soltamos a porta, alguém a empurra, dá-nos uma trolitada na cabeça que nos deixa meio desorientadas mas rapidamente temos de travá-la com um movimento rápido e brusco enquanto gritamos: OCUPAAAAAADOOOOOOOOO!!
E assim toda a gente que está à espera ouve a nossa mensagem e já podemos soltar a porta sem medo, ninguém vai tentar abri-la de novo (nisso as mulheres têm muito respeito umas pelas outras). Encontramos o lenço de papel!! Está todo enrugado, tipo um rolinho, mas não importa, fazemos tudo para esticá-lo; finalmente conseguimos e limpamo-nos. Mas o lenço está tão velho e usado que já não absorve e molhamos a mão toda; ou seja, valeu de muito o esforço de desenrugar o maldito lenço só com uma mão. Ouvimos algures a voz de outra velha nas mesmas circunstâncias: “Alguém tem um pedacinho de papel a mais?” Parva! Idiota!
Sem contar com o galo da marrada da porta, o linchamento da alça da mala, o suor que corre pela testa, a mão a escorrer, a lembrança da mãe que estaria envergonhadíssima se nos visse assim… porque ela nunca tocou numa sanita pública, porque, francamente, não sabemos que doenças podemos apanhar ali, que até podemos ficar grávidas (lembram-se??)…. Estamos exaustas! Quando paramos já não sentimos as pernas, arranjamo-nos rapidíssimo e puxamos o autoclismo a fazer malabarismos com um pé, muito importante! Depois lá vamos pró lavatório. Está tudo cheio de água (ou xixi? lembram-se do lenço de papel…), então não podemos soltar a mala nem durante um segundo, penduramo-la no ombro; não sabemos como é que funciona a torneira com os sensores automáticos, então tocamos até sair um jactozito de água fresca, e conseguimos sabão, lavamos as mãos numa posição do corcunda de Notre Dame para a mala não resvalar e ficar debaixo da água. Nem sequer usamos o secador, é uma porcaria inútil, pelo que no fim secamos as mãos nas calças – porque não vamos gastar um lenço de papel para isso- e saímos…
Nesse momento vemos o namorado, marido, amigo (whatever!), que entrou e saiu da casa de banho dos homens e ainda teve tempo para ler um livro de Jorge Luís Borges enquanto esperava. “Mas por que é que demoraste tanto?” - pergunta o idiota.
“Havia uma fila enorme” - limitamo-nos a dizer.
E é esta a razão pela qual as mulheres vão em grupo à casa de banho, por solidariedade: uma segura na mala e no casaco, a outra na porta e a outra passa o lenço de papel debaixo da porta, e assim é muito mais fácil e rápido, pois só temos de nos concentrar em manter “a posição” e "a dignidade".
Obrigada a todas por me terem acompanhado alguma vez à casa de banho e servir de cabide ou de agarra-portas!
Agora meus amigos-homens, agora que já sabem, não perguntem nunca a uma mulher porque ela demorou tanto na casa de banho!!! É irritante!!!»
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Escolher a felicidade
Nem paz nem felicidade se recebem dos outros nem aos outros se dão. Está-se aqui tão sozinho como no nascer e no morrer; como de um modo geral no viver, em que a única companhia possível é a daquele Deus a um tempo imanente e transcendente e a dos que neles estão, a de seus santos. Felicidade ou paz nós as construímos ou destruímos: aqui o nosso livre-arbítrio supera a fatalidade do mundo físico e do mundo do proceder e toda a experiência que vamos fazendo, negativa mesmo para todos, a podemos transformar em positiva. Para o fazermos, se exige pouco, mas um pouco que é na realidade extremamente difícil e que não atingiremos nunca por nossas próprias forças: exige-se de nós, primacialmente, a humildade; a gratidão pelo que vem, como a de um ginasta pelo seu aparelho de exercício; a firmeza e a serenidade do capitão de navio em sua ponte, sabendo que o ata ao leme não a vontade de um rei, como nos Descobrimentos, mas a vontade de um rei de reis, revelada num servidor de servidores; finalmente, o entregar-se como uma criança a quem sabe o caminho. De qualquer forma, no fundo de tudo, o que há é um acto de decisão individual, um acto de escolha; posso ser, se tal me agradar, infeliz e inquieto. Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'
A coragem de seres só
Uma arma de triunfo te dei, sobre todas as outras: a coragem de seres só; deixou de te afectar como argumento ou força esmagadora a alheia opinião, as ligeiras correntes e os redemoinhos do mar; rocha pequena, mas segura, sobre ti se hão-de erguer, para que vençam a noite, as luzes salvadoras; não te prendem os louvores dos que te querem aliado, nem as ameaças dos contrários; traçaste a tua rota e hás-de segui-la até ao fim, sem que te desviem as variadas pressões. Só e constante, mesmo em face do tempo; os anos que rolam tu os consideras elemento de experiência; para os homens futuros episódios sem valor; se eles te abaterem, só terão abatido o que há de menos valioso; e contribuirão para que melhor se afirme o que puseste como lição da tua vida; a muitos absorve o actual; mas a ti, que tens como tua grande linha de cultura, e porventura tua alma, a posse das largas perspectivas, a hora começando te vê firme e firme te abandona. Nenhuma estóica rigidez neste teu porte; antes a compassada lentidão, a facilidade maleável de bom ginasta; não é por amor da Humanidade que hás-de perder as mais fundas qualidades de homem. Em tal espelho me revejo, eu que tomei tua alma incerta e a guiei; e contemplo como doce oferenda, como a mais bela visão que me poderias conceder, a clara manhã que já de ti desponta e lentamente progredindo há-de acabar por embalar o universo nos seus braços de luz.
Agostinho da Silva, in 'Considerações'
Agostinho da Silva, in 'Considerações'
terça-feira, 21 de julho de 2009
Ser diferente
A única salvação do que é diferente é ser diferente até o fim, com todo o valor, todo o vigor e toda a rija impassibilidade; tomar as atitudes que ninguém toma e usar os meios de que ninguém usa; não ceder a pressões, nem aos afagos, nem às ternuras, nem aos rancores; ser ele; não quebrar as leis eternas, as não-escritas, ante a lei passageira ou os caprichos do momento; no fim de todas as batalhas — batalhas para os outros, não para ele, que as percebe — há-de provocar o respeito e dominar as lembranças; teve a coragem de ser cão entre as ovelhas; nunca baliu; e elas um dia hão-de reconhecer que foi ele o mais forte e as soube em qualquer tempo defender dos ataques dos lobos.
Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes'
Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes'
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