As eufórbias são prova de que existe um mundo exterior à nossa consciência colectiva que exibe uma ordem e uma sabedoria, digamos, que transcende a experiência humana e a cultura matemática. E é à nossa criatividade que se impõem estes padrões vegetais, que não são invenção nossa. Atentemos, por exemplo, na inflorescência de Euphorbia helioscopia.
As flores são verdes mas de um tom alface que as destaca da folhagem. Cada estrutura floral tem uma flor feminina e várias masculinas, reduzidas aos orgãos essenciais que vivem dentro de um invólucro de brácteas (iguais às folhas) que é encimado por glândulas amarelas. Mas o aspecto vistoso, globular, da cimeira é obtido por duplicação destes invólucros até ao do topo onde a flor se instala, princípio que os artesãos russos usam nas matrioskas. O resultado é uma pista de aterragem apelativa onde sobressaem pingos de néctar que brilham ao sol.
É um alívio acreditar que, se a humanidade desaparecer, o universo mantém em exibição coisas verdes, quadradas, redondas, espiraladas, bonitas, boas - e que os teoremas de matemática continuam válidos.
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