Ouvi ontem ao jantar algo que se passou já há alguns dias. Parece que o psiquiatra Adriano Vaz Serra, Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e João Marques Teixeira, Presidente do Colégio da Especialidade de Psiquiatria da Ordem dos Médicos, em entrevista ao jornal “Público”, afirmam ser possível reeducar a orientação sexual e a identidade de género. Como a entevista data de 2 de Maio e já não tenho acesso ao jornal, não a posso ler. Fico pois na dúvida: ajudam a orientar, mas em que sentido? Um homem que não aprecie muito as mulheres ou uma mulher que não se interesse por aí além por homens podem, de facto, com uma ajudinha médica passar a orientar-se melhor? Parece que, depois das consultas com estes doutores, o homem que duvidava da sua orientação sexual fica a saber que afinal é mesmo de outros homens que gosta e a rapariga lança-se nos braços de outras como ela. Assim sim, precisamos de gente que nos oriente. E se há terapias e medicamentos para tirar essas dúvidas e nos fazer produzir mais, acho até que devia haver comparticipação do Serviço Nacional de Saúde nestas consultas e tratamentos: ganha o país e ganhamos todos nós. Bem basta a crise e o desemprego a aumentar, se se pudesse diminuir o número de desorientados sexuais ficaríamos todos bem melhor!
Para que conste: resistindo heroicamente a várias queixas e denúncias, o Professor Doutor por extenso João Eduardo Marques Teixeira tinha, em meados da década de 90, consultório na Rua Barão do Corvo (Coimbrões, Vila Nova de Gaia), onde “dava” breves “consultas” a quinze (!!!) contos cada, atendendo constantemente chamadas em telemóvel via satélite e despachando no final os “pacientes” com a mesma receita, quaisquer que fossem os “sintomas”: doses industriais de carbonato de lítio (Priadel), cloxazolam (Olcadil) e clomipramina (Anafranil). Será esse cocktail o segredo da tal “bússola sexual”?
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